“O piloto britânico Graham Jarvis evolui em sua moto no primeiro dia de competição do Red Bull Minas Riders”
O rally de enduro extremo Red Bull Minas Riders é a versão sul americana do Red Bull Romaniacs, o evento de enduro mais difícil do mundo. Esta foi a segunda edição esperando repetir o sucesso da primeira em abril de 2016, onde estrelas como Jarvis, Gomez e Bolton batalharam para superar a selva brasileira junto com os talentos sul americanos ao longo de 4 dias. Repare com atenção que essa não foi a primeira edição do evento, sendo que a de 2016 foi considerada um sucesso pelo publico e organizadores e foi realizada sem maiores problemas.
Mas esse ano infelizmente o Red Bull Minas Riders sofreu um duro golpe e precisou ser interrompido, cancelada a parte final do certame devido a problemas burocráticos e políticos que resultaram em uma medida liminar do Ministério Público, com uma ação da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Militar Ambiental que paralisaram a prova onde foi alegado que a prova poderia causar danos ambientais, colocando a empresa organizadora sujeita a receber multa de 100 mil reais por dia de descumprimento da liminar. Isso gerou manifestações diversas e publicidade quanto ao problema em canais de renome do mundo dos esportes e diversas comunidades na internet.
A Xventure, responsavel pela organização se manifestou por meio da declaração de Martin Freinamedetz organizador do evento: “Estamos há um ano conversando com todas as autoridades ambientais e definindo o trajeto da prova e temos autorizações de todos os órgãos responsáveis. Infelizmente, no último momento, a polícia pediu para fazer mais algumas análises de risco e optamos por cooperar e antecipar o final da competição já que os pilotos não podem aguardar”.
Mas o que mudou, motivou essa atitude na segunda edição? O que faltou em relação a primeira?
“Apetrechos colocados para a competição no entorno da praça (Divulgação/vereador Marquinhos do Esporte)”
Alem de muitas, mas muitas manifestações nos canais especializados offroad, motocross entre outros, todos contra o desfecho em relação ao evento e deixando explicitamente claro que é um absurdo, motivo de vergonha, resultado de uma ação desproporcional e sem embasamento a equipe do Diarios de Judith, resolveu ir um pouco mais fundo do que a pura (e justificável) indignação.
O fato é que o evento teve o destino selado por reclamação dos moradores da cidade, reclamações acatadas por seus representantes, vereadores como Marquinhos do Esporte do Solidariedade que protestaram e pediram providencias quanto a inúmeras peças colocadas na praça Tiradentes com o objetivo de montar obstáculos e coincidir com o evento Semana dos Museus, considerada uma importante data do calendário cultural da cidade, alem disso, o principal museu, Museu da Inconfidência, fica localizado na mesma praça.
Vereadora Regina Braga acredita que eventos como esse (na praça) trazem muitos transtornos à população (Divulgação/vereador Marquinhos do Esporte)
O vereador Marquinho do Esporte em nota divulgada por meio de rede social no dia 16 de maio cita:
“O Cartão postal da cidade é o Museu da Inconfidência e a praça está tomada pela estrutura do evento. Sou a favor do evento, mas ele deveria acontecer em outro local, pois é um acontecimento importante, que dará visibilidade a cidade, mas o local não foi escolhido adequadamente, causando transtorno no transito da cidade, riscos ao monumento da Praça, etc”
Na câmara a vereadora Regina Braga também fez comentários quanto ao fato:
“Hora nenhuma fomos contrários a esse evento em Ouro Preto, pelo contrário, quanto mais eventos desse tipo tivermos, que alavanquem nossa economia e turismo, melhor. O que questionamos é como esse evento com todo aparato dele foi realizado, na praça Tiradentes. (…)Esse tipo de evento traz muitos transtornos para os moradores de Ouro Preto e quem precisa passar pela praça”
Em resumo: O problema principal foi o fato da insatisfação dos próprios moradores quanto ao bloqueio da praça principal, insatisfação essa que se intensificou diante da inevitável interferência em um evento cultural local e dificuldade de acesso ao principal museu da cidade, isso em nossa opinião, apesar de grave não iria inviabilizar o evento, pelo menos não sua segunda parte, porem foi a fagulha necessária para acender uma fogueira bem mais densa, como reporta a publicação de www.sounoticia.com.br
Após a realização de uma das provas do Red Bull minas Riders na quarta-feira, 17, a Polícia Militar de Meio Ambiente esteve na Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Ouro Preto na tarde da quinta, 18 de maio, a fim de cobrar licenças ambientais para o evento. Afinal, na programação do campeonato as provas passariam por áreas de preservação, como o monumento natural Gruta Nossa Senhora da Lapa, localizada no distrito de Antônio Pereira e pela Área de Preservação Ambiental (APA) das Andorinhas.
De acordo com a polícia, nenhuma licença ambiental foi apresentada pela Secretaria de Meio Ambiente de Ouro Preto, nem pelos organizadores do evento. A polícia ainda alegou que houve degradação das trilhas e supressão da vegetação nas áreas pertencentes ao município de Ouro Preto.
Em resposta a cobrança do Ministério Público à organização do evento, os empreendedores alegaram que as trilhas do percurso foram sugestão da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que passariam pela zona de amortecimento da Floresta Estadual do Uaimii. A gerente do local também chegou a se manifestar contrariamente a passagem do evento pela floresta.
Na sexta-feira, 19, a polícia apreendeu motos de participantes do evento e o Ministério Público expediu um liminar exigindo a paralisação do evento no sábado,20. A organização do evento confirmou o cancelamento das etapas seguintes e antecipação da final.
De acordo com a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Ouro Preto, todos os trâmites legais foram seguidos para a autorização do evento. “Para que fosse realizado na Praça Tiradentes, o Red Bull Minas Riders passou por diversos trâmites e seguiu a legislação que todo evento realizado na cidade precisa seguir, com aprovação da Secretaria de Cultura e Patrimônio e do IPHAN”, informou o órgão.
Conclusão:
Não nos parece “estranho” o desfecho apresentado, na verdade o mesmo apenas corrobora nossa opinião. Muitos eventos são realizados sem TODAS AS DOCUMENTAÇÕES NECESSÁRIAS, infelizmente em nosso pais temos a tendencia de ir ao caminho mais fácil devido simplesmente a ser EXTREMAMENTE DIFÍCIL se cercar e estar preparado para toda burocracia a qual iremos enfrentar. Você não vai a um local em especifico e pergunta “o que eu preciso para fazer tal evento”, você precisa peregrinar por diversas localidades e áreas de responsabilidades para literalmente TROPEÇAR com uma necessidade. Um documento de liberação protocolo MPPO-000988-73-0 ou um formulário AZUL autenticado em 10 vias e coisas desse tipo.
De forma clara,
Se não existisse o conflito com a Semana dos Museus, a indignação dos moradores poderia não ser suficiente para provocar tal mobilização. Se isso ocorresse, não iria haver mobilização de vereadores e afins, mas infelizmente isso ocorreu. Com isso, muita atenção foi chamada e desse momento em diante, documentos que “não eram importantes”, ou que então “não se preocupa com isso, ninguém pede isso” se tornaram de uma hora para outra… Indispensáveis.
E foi assim que um evento de magnitude mundial se transformou em uma ode à burocracia e falta de diplomacia. A unica ressalva é quanto a postura da REDBULL, em seu site e documentos oficiais apenas a informação de que o evento foi “antecipado”, comemoração do campeão e mais nada… Nem uma critica a cidade, governantes, legisladores e muito menos ao povo, sinal de respeito, ações comedidas, inversamente proporcional ao que nós lhe ofertamos.
Fonte:
a) Sou Noticia
b) Tulipa Rally
c) Redbull Minas Divulgação